sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Perguntas que não mentem.


De quanto silêncio se faz um ausente?
Em que vazios se perde a hora de falar?
Frase a frase, por cada olhar indiferente,
No tardio estrebuchar do perdedor assente.
Quantas tantas mil palavras irão bastar
Para calar o gesto que não mente?

Que parte do que é seu, você não sente?
Quanto eus hão em você sem explicar?
É um outro que lhe habita, insipiente.
O estranho que faz partir, sem exitar.
Quantas tantas mil palavras irão bastar
Para entender o gesto que não mente?

De quanto juízo pouco faz-se o demente?
E quais intentos loucos são para perdoar?
Todo são carrega o alheio em sua mente,
Que nem razão ou loucura vão alcançar.
Quantas tantas mil palavras irão bastar
Para julgar o gesto que não mente?

Todos num só, estranho, louco e ausente,
Cansados, dispersos, perdidos, sem lar
Imersos, sentidos, unidos, uma toda gente,
Um povo inteiro, o mesmo corpo doente.
Quantas tantas mil palavras irão bastar
Para esquecer o gesto que não mente?

(Lisboa, 22 de abril de 2012)

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