Desabafo
Em mãos, quase, o anseio espreito
O que tarda chegar, límpido, à vista
Do que vem, sem hora, ao peito
Transborda, à boca, a conquista
As mãos não acolhem o grito
Que o corpóreo caminho percorre
Desanda, o urro, logro e aflito
Desata em viver, já não morre
Provoca o insípido, e tenro, espírito
O verbo de além do alcançar
Importa em ser mais que empírico
E em sua imprópria razão realizar
As palavras não combinam por si
Prepostas almas lhes concedam tear
Do real de lá ao simbólico daqui
Constroem e tentam, amiúde, significar
Não saem, porém, em fácil praguejo
Que se alcance no entojo disfarçado
Dilatam-se em verborrágico latejo
nas verdades do espelho abafado.
Não ouve a fala, senão o louco
Acordando do letárgico torpor
Que teima consigo falar, ainda rouco
Corajoso de ouvir-se sem favor.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
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