sábado, 25 de julho de 2009

Violino das Ilusões


Como quem sonha atrasado, mas o faz

Avante, a lembrar melodias, lá de trás

Como quem semeia, admirado, a canção

Do caminho outrora esquecido da ilusão

E das sombras alcança o sol, ofuscante

Recomeça, toma-se e revive, vai adiante...


...


E assim, invade o traslado encortinado

À vontade no palco d’alma empoeirado

Em posse do seu próprio espetáculo cênico

De tal monta o deguste do eu, antes arsênico

Que paira, indizível, sob mil luzes sutis

Ao límpido descortino dos espíritos febris.



...



Eis que o tocador de sentimentos mil

Desperto do inerte torpor, alheio e senil

Dedilha emoções como quem as reza

Inusitada cartilha de orações, e despreza

O Inútil significado das doutrinas vãs

E põe sua fé na vermelha cor das maçãs


...


E ao silencioso violino das ilusões

Aquece, amiúde, invisíveis corações

E do calor, surgem surdas-mudas palmas

Do espetáculo não vivido pelas almas

Em bancos vazios de tantas lembranças

De platéias lotadas de poucas esperanças.

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