Como quem sonha atrasado, mas o faz
Avante, a lembrar melodias, lá de trás
Como quem semeia, admirado, a canção
Do caminho outrora esquecido da ilusão
E das sombras alcança o sol, ofuscante
Recomeça, toma-se e revive, vai adiante...
...
E assim, invade o traslado encortinado
À vontade no palco d’alma empoeirado
Em posse do seu próprio espetáculo cênico
De tal monta o deguste do eu, antes arsênico
Que paira, indizível, sob mil luzes sutis
Ao límpido descortino dos espíritos febris.
...
Eis que o tocador de sentimentos mil
Desperto do inerte torpor, alheio e senil
Dedilha emoções como quem as reza
Inusitada cartilha de orações, e despreza
O Inútil significado das doutrinas vãs
E põe sua fé na vermelha cor das maçãs
...
E ao silencioso violino das ilusões
Aquece, amiúde, invisíveis corações
E do calor, surgem surdas-mudas palmas
Do espetáculo não vivido pelas almas
Em bancos vazios de tantas lembranças
De platéias lotadas de poucas esperanças.
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